TRABALHADORES EM GREVE POR MAIS DIREITOS, MELHORES SALÁRIOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO
A luta, a unidade e a determinação dos trabalhadores são essenciais para combater o ataque aos seus direitos e defender as suas reivindicações, designadamente a sua dignidade profissional e valorização salarial. Unidos somos mais fortes!
A época que atravessamos é festiva, mas a situação económica e laboral dos trabalhadores tem-se agravado nos últimos anos, sobretudo em 2022, com os preços dos bens alimentares e da energia, assim como da taxa de inflação, a dispararem para os valores mais altos das últimas décadas, o que, em muitos casos, coloca os trabalhadores numa difícil situação social, a de terem de “esticar” os baixos salários para fazer face a meses cada vez mais “longos”.
Conscientes do impacto negativo destas paralisações junto das populações, o STAL e os trabalhadores responsabilizam, única e exclusivamente, as respectivas administrações e os municípios por estas greves, que resultam de um clima de profundo descontentamento nas duas empresas face à contínua falta de respostas concretas às exigências dos trabalhadores, sendo estas duas jornadas de luta bem reveladoras do seu sentido de unidade e de determinação em defesa das suas reivindicações.
LUTA NA FCC ENV. PORTUGAL…
Os trabalhadores da FCC environment Portugal realizam uma greve de três dias (26, 27 e 28) ao trabalho normal e suplementar para reivindicar, entre outras matérias, o aumento dos salários e das prestações pecuniárias para todos os trabalhadores em 10%, no mínimo de 100€; a actualização do salário mínimo na empresa para 850€ e do subsídio de refeição para 9€/dia; a fixação do período de trabalho em 7 horas diárias, 35 horas semanais e 25 dias de férias; a atribuição e regulamentação de um Subsídio de Penosidade, Insalubridade e Risco; a valorização das carreiras profissionais; e a regularização das situações de vínculo precário.
A empresa – qual desculpa de “mau pagador” – alega, para a não valorização dos trabalhadores, “circunstâncias de défice financeiro não ultrapassadas”. Mas são os trabalhadores quem mais sofre, no seu dia-a-dia e nos últimos anos, com um “défice financeiro” nos seus bolsos, o que os coloca em situação economicamente difícil e de particular fragilidade social.
O STAL e os trabalhadores exigem um esforço maior e empenhado da administração na resolução dos problemas há muito enunciados, no respeito pela sua dedicação e profissionalismo demonstrado, em prol da prestação de um serviço essencial de qualidade às populações.
Mas se a FCC – como entidade patronal – é responsável directa pela difícil situação em que os trabalhadores se encontram, já os municípios de Marco de Canaveses, Lousada, Torre de Moncorvo e Vila Real – que concessionaram este serviço público e essencial à empresa – têm a responsabilidade moral e política de valor acrescido, não podendo, por isso, mostrar-se indiferentes perante este quadro de dificuldades dos trabalhadores, bem como não podem continuar a descurar a responsabilidade que têm para com as populações dos seus territórios, ao permitirem o intolerável desrespeito pelos direitos e justas expectativas dos trabalhadores.
… E NA RESÍDUOS DO NORDESTE
Já os trabalhadores em regime de contrato de trabalho temporário cedidos pela empresa MULTITRAB à Resíduos do Nordeste (RdN) realizam uma greve ao trabalho normal e suplementar durante toda a próxima semana (entre segunda-feira e sábado), que tem como objectivo reivindicar a sua admissão nos quadros da RdN, por forma a garantir a manutenção dos seus postos de trabalho após o fim da concessão (que termina no próximo dia 31); o aumento geral dos salários e de todas as prestações pecuniárias para todos os trabalhadores em 10%, no mínimo de 100€, para repor o poder de compra perdido nos últimos anos; a actualização da retribuição base mensal mínima na empresa para 850€ mensais; e o pagamento do subsídio de refeição para o valor de 9€/dia.
A administração da RdN tem insistido em perpetuar a situação de precariedade em que injustamente se encontram estes trabalhadores, alguns dos quais prestam este serviço essencial há vários anos e sempre em regime de contrato de trabalho temporário, vivendo assim na permanente incerteza quanto ao seu futuro profissional e eternamente dependentes da duração dos contratos de concessão.
O STAL tem procurado encontrar uma solução que ponha termo à “perpetuação” desta precariedade laboral, mas a administração a RdN – contrariando as expectativas criadas de que os trabalhadores seriam, finalmente, integrados nos seus quadros – há meses que vem adiando esta justa medida, continuando a não se comprometer com uma data concreta para o fazer.
Tal como também é inaceitável que quem promove esta situação seja uma empresa cujos accionistas são as Associações de Municípios da Terra Quente Transmontana, da Terra Fria do Nordeste Transmontano e do Douro Superior (que engloba os municípios de Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vila Nova de Foz Côa, Vimioso e Vinhais), que se mostram indiferentes ao desrespeito pelos direitos e justas expectativas dos trabalhadores, e aligeiram as responsabilidades sociais e políticas para com as populações dos seus territórios.